domingo, 19 de maio de 2013





O momento maior foi o que precedeu o momento de escrever
O momento maior foi o que precedeu o momento de escrever

O momento maior foi o que precedeu
o momento de escrever
O momento maior foi o que precedeu
o momento de escrever

O momento
foi o que precedeu
o momento de escrever
O momento
                   foi
o que precedeu
o momento

                                                                                                         acb
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MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS


MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

PENA CAPITAL

ESTADO SEGUNDO
XXI

Ama como a estrada começa


PENA CAPITAL I

VINTE QUADRAS PARA UM DÁDÁ
II

Eu estou presente
todo eu sou sim
e é de repente
não dou por mim!

Um bom vazio
me vem encher
(nem sinto o frio)
de me não ver)

Heróis antigos
olhos cientes
passam amigos
dizem parentes

Passam os manes
do eternal
e os ademanes
do amoral

Passam aqueles
com os aquelas
tanto sou deles
quanto sou delas


Sou de ninguém
estou em olvido
e mais despido
que Pedro Sem

Colorações
Trigos e joios
Caem aviões?
Chegam comboios.

Os tristes olham
o escasso cais
que as ondas molham
(Água demais…)

Os ébrios, êsses
passam de largo
Ai Sá-Carneiro
Carneiro amargo

Praças pequenas
como alçapões.
São os cinemas?
Serão ladrões?

E eu que não digo
eu que não deixo
eu que mim migo
só pelo queixo

Esfriei a rua
das Grandes Dores
fritei-lhe a lua
raspei-lhe as flores

Fui-me à de lata
sangrenta escura
patrícia pata
da dita dura

Esfriei-lhe o jeito
de assassinar
comi-lhe o peito
mais pulmonar

Esfriei as frentes
esfriei as trazes
fiquei sem dentes
merda, rapazes!

Gritar não grito
esperar demora.
Viva o infinito!
Ora, ora, ora.

Altas, morenas,
com janelões
boas pequenas
estas prisões!


Dão lá por dentro
gozos astrais.
Anda-se menos
pensa-se mais.

Ó burguesinhos
que quereis fazer
que heis-de fazer
queridos vizinhos?

Sabeis lutar?
Sabeis perder?
Viver? Morrer?
Que heis-de fazer?

Eu que não puxo
cabo ou começo
fluxo… defluxo… e
não sei. Nem peço.

E à multidão
contente e só
eles que são
e eu que estou

apenas vejo
como se ouvisse
um negro harpejo
que nem florisse

Pois no que vi
não ver é que há
e eu estou ali
não estando lá.